A Jornada de Nicodemos: Da Dúvida à Fé
- murdochwilliam28
- Jun 12
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Imagine uma respeitada autoridade religiosa em Jerusalém: um fariseu e membro do Sinédrio chamado Nicodemos, cujo nome significa "conquistador do povo". Ele dedicou sua vida às escrituras e à lei de Moisés, sendo um guia moral em Israel. Os fariseus eram profundamente comprometidos com a tradição e a preservação da identidade judaica, acreditando que a estrita observância da lei agradava a Deus. Nicodemos compartilhava essas convicções, mas, ao contrário de outros, algo mais profundo o inquietava.
Jesus começou a atrair atenção por toda a Judeia. Seus ensinamentos desafiavam a tradição e vinham acompanhados de sinais inegáveis: curar cegos, fazer paralíticos andarem, perdoar pecadores. A maioria dos fariseus O via como uma ameaça, mas Nicodemos estava curioso. Quem era esse homem com tamanha autoridade? Ainda assim, encontrar-se abertamente com Jesus era arriscado. Então, uma noite, movido por perguntas sinceras, Nicodemos O procurou em segredo.

No silêncio da noite, Nicodemos aproximou-se de Jesus e disse: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo de Deus, pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele”. Jesus, em vez de afirmá-lo, respondeu: “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”. Isso confundiu Nicodemos. Ele conhecia as escrituras, mas a ideia de "nascer de novo" não se encaixava em sua compreensão.
Jesus esclareceu: não se tratava de um nascimento físico, mas espiritual – “nascer da água e do Espírito”. A salvação, Ele disse, não era conquistada por herança ou obediência, mas através da transformação pelo Espírito Santo. Jesus a comparou ao vento: invisível, mas com efeitos inegáveis. Nicodemos, embora culto, lutava para compreender isso.
Então veio a revelação: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. A salvação
não era reservada apenas aos judeus, mas oferecida a todos. Jesus veio não para condenar, mas para salvar. A fé – não apenas a lei – era o caminho para a vida.
Nicodemos ficou abalado. A lei, antes sua base, agora parecia insuficiente sem a graça. No entanto, apoiar Jesus publicamente significava arriscar tudo: seu status, segurança e reputação. Ainda assim, a semente havia sido plantada.
Mais tarde, com a intensificação da oposição a Jesus, Nicodemos O defendeu sutilmente perante o Sinédrio, perguntando: “A nossa lei condena um homem sem primeiro ouvi-lo?”. Embora não fosse uma declaração plena de fé, mostrou uma mudança. Ele já não era o mesmo homem.
Após a crucificação de Jesus, Nicodemos fez um movimento ousado. Ao lado de José de Arimatéia, ele ajudou a sepultar o corpo de Jesus, trazendo cerca de 34 quilos de mirra e aloés – dignos de um rei.

Esse ato público declarou sua fé. Não mais segredo. O homem que antes procurou Jesus na escuridão agora estava na luz.
A jornada de Nicodemos – de buscador cauteloso a crente corajoso – incorporou o "novo nascimento" de que Jesus falava. No início, ele não entendeu; com o tempo, foi transformado. Embora a Bíblia não o mencione novamente, antigas tradições cristãs sugerem que ele foi expulso do Sinédrio e batizado, tornando-se um seguidor de Cristo.
Sua história é um poderoso testemunho do processo gradual da fé. Nem todos são transformados instantaneamente – alguns, como Nicodemos, lutam com dúvidas antes de pisar na luz. Ele nos lembra que mesmo aqueles enraizados na tradição podem nascer de novo, e que verdadeiros encontros com Jesus mudam tudo.



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