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  • murdochwilliam28

A Vida Humana.




Este post vai tocar em pontos sensíveis mas bem atuais. Minha intenção em tocar nestes assuntos é que a pessoa realmente católica, veja as implicações na sua vida e talvez na vida de quem conheça e possa ajudar. Vou dar uma aqui de C. S. Lewis. Ou seja, sou um simples católico, com inteligência e boa formação, que quer abordar o tema rigorosamente dentro dos ensinamentos da Igreja. O farei por cenas.



Cena 1 – A pergunta capciosa que fizeram a Jesus e sua resposta brilhante, que serve para dirimir muitas dúvidas cristãs. Todos a conhecem. É uma pergunta longa que começa com um minuto inteiro de elogios a Jesus. No final os Saduceus perguntam:”Mestre, é lícito pagar impostos?.” E a resposta que serve até hoje. O que é da nossa Fé, é da nossa Fé. O que são os compromissos com o mundo, o são com o mundo. Muitos válidos, porque é nele que vivemos. Só não precisamos obedecer aos que vão contra a nossa Fé. Aguentando as conseqüências…



Cena 2 – Um país se julga ofendido por outro. Depois de todas as tratativas resta a guerra. E lá vão para a guerra. Podem matar? Sim, nas guerras justas. E do ponto de vista dos soldados, todas o são. Estando em combate não pode ter dúvidas de se abate ou não aquele inimigo na sua frente, mesmo que não corra risco de vida. Porque o mesmo pode matar um colega ou até matá-lo. Então ele mata.


Você está em casa e entra um meliante armado apontando a arma para a cabeça de um filho. Ele não o viu. Você consegue pegar um rifle que tem em casa e abater o meliante. Crime? Não. Pecado? Nem venial. Por que? Porque se tratava de legítima defesa da vida.


Como ficou claríssimo nos exemplos, o crime, o pecado, não está no fato em si, mas na intenção do fato. Se quis matar com intenção justa, pode.


Só vou deixar aqui mais uma pitadinha que vai ser útil abaixo. Voltando ao ladrão baleado, que você baleou na cabeça, suponhamos ele não tenha morrido. Está grave mas não morreu. Quem vai definir se continua vivo ou não? A Ciência, os médicos. Enquanto durarem os impulsos cerebrais durarem, teremos um ser humano que deve ser tratado. Vivo, portanto, sob o ponto de vista humano. E quando pararem os impulsos cerebrais? Vivo, mas agora menos que um vegetal, dependendo apenas do pulsar do coração. Mas já morreu. Logo logo a respiração cessa e acaba. Mantê-lo “vivo” é uma questão humanitária, como a gente faz não querendo pisar numa florzinha no chão.



Cena 3 – Início do Cristianismo, a Fé escondida, risco de ser apanhado e morto. Até hoje acontecendo em vários países. Mas nos transportemos para lá, na época de Diocleciano. Você foi apanhado, preso e agora está numa sala onde o “juiz” lhe diz: ponha incenso ali no busto de César e tudo estará bom. Se não puser, seus bens serão confiscados e você vai para a decapitação, queima ou afogamento. Escolha.


Começam aqui minhas reflexões. Se o que vale não é o fato em si, mas a intenção, qual o problema deste cristão ir lá e por o tal incenso, mas interiormente zombando da situação? Eu não vejo nenhum problema. Cabe até a pergunta: e os que se recusam, não estão cometendo suicídio? Dependendo da intenção, sim!


Suponhamos que um destes apanhados, cristão ou não, pensasse assim: estou com uma dor permanente, cada vez me sinto mais incapaz, estou deprimidíssimo, por que não acabar logo com esta vida? Há dúvida de que esta pessoa esteja cometendo suicídio? Mas o que se recusou a colocar o incenso para dar exemplo, para honrar Cristo, para que seu sangue gere mais cristãos? Para o mundo, suicídio. Mas não para nós Cristãos.

Intenções tão nobres que a Igreja já os santificava por este ato!


Só complementando a afirmação que fiz acima, de “fingir queimar incenso para espacar da morte”, na época da rainha Maria I, a Bloody Mary,  persguição cruenta de católicos, principalmente aos padres jesuítas,  Edmund Campion, Ralph Sherwin e Alexander Briant. Hoje eles são santos mártires. Já o Padre John Gerard, S.J., foi também preso, mas fingiu renunciar ao catolicismo. Foi libertado. Sua intenção: continuar com o apostolado jesuíta na Inglaterra, já que seus colegas foram mortos. Evidentemente não cometeu nenhum pecado nem a  Igreja o condenou. Ele era famoso por fugas e escapadas até que foi preso. Depois conseguiu continuar suas peripécias e não mais foi preso. Quem puder leia o relato autobiográfico dele, intitulado "Relação da Conspiração do Padre Gerard", onde descreve suas aventuras e experiências como um jesuíta clandestino na Inglaterra elizabetana.



 

Cena 4 – Roma antiga, Cristianismo incipiente. Primeiros séculos. Qual era o costume quanto a crianças indesejadas pelos mais variados motivos? Se ainda não tinham nascido a prática era o aborto, que não teve nenhuma restrição legal até o ano 211. Mulheres mais ricas geralmente eram as que o praticavam. A outra maneira era a “expositio”, ou seja, depois de nascida, era abandonada em templos, cruzamentos de estradas ou locais determinados para isso. As que não morriam pelo clima ou comidas por animais geralmente eram apanhadas para serem adotadas ou para virarerm depois  escravas ou prostitutas. A maioria abandonada era do sexo feminino.

E como agiam os cristãos? Vivendo sua vida e admoestando os fiéis a evitarem estas coisas, que sempre foram consideradas pecados na nossa crença. Mas não interferiam diretamente na comunidade geral, apenas dando o o exemplo. Que pelo visto era valorizado.

Com a chegada de Constantino ainda não houve leis permitindo ou não, mas a crescente influência do Cristianismo influenciava o governo a não favorecer a operação. Mas tolerava. A razão cristã era a que vem até hoje: o feto já é um ser humano, tem alma individualmente gerada por Deus.

Quanto à eutanásia ela também existia, seja como de controle social, tanto para escravos e para os diferentes ou a doentes com dores graves. (Através de veneno). O mesmo acontecia com gladiadores feridos gravemente e para terem uma “morte digna”. Era quando o imperador punha o polegar para baixo significando autorização para ser morto pela espada.

Como vemos, tudo era igual ou pior do que é agora, exceto que a religião antes não queria interferir no Estado por legislação.

 

Cena 5 – um grupo de cientistas, biólogos, está reunido para definirem, a pedido da Igreja, quando é que eles qualificam o feto como um ser humano. Desde a concepção ou quando ele começa a ter algum movimento cerebral que fosse distinto de uma cobra ou de um macaco. E aqui trata-se não de definir o potencial mas o atual. A resposta dos cientistas está mais ou menos por aqui: na 6ª. semana, sinais de atividade elétrica aparecem no prosencéfalo. E mais concretamente, na 12ª. Semana os neurônios começam a formar sinapses.

O que eles não vão poder responder é quando Deus pôs uma alma humana naquele feto. Deus a pode por quando quiser. Poderia ser no momento da fecundação. Poderia ser na 6ª. Semana ou na 12ª…

Se a gente se lembrar do Gênesis, Deus fez uma estátua de barro. Dali Ele geraria o homem. Mas ainda não tinha gerado. A estátua potencialmente seria um ser humano, mas ainda não era. Se ela fosse quebrada, nenhum crime teria sido cometido.

Da mesma maneira que o feto, em certa parte de sua existência, poderia ser apenas potencialmente um ser humano. A estátua de barro dependeu do sopro de Deus para se atualizar como homem, Adão. O sopro de Deus é que vai infundir a alma imortal que transformará aquele ser em imortal, em imagem de Deus.

A posição que a Igreja tomar não basta ser uma recapitulação do Tomismo. Ela pode e deve se basear na Ciência. E é o que ela faz quando não se opõe a que auxílios externos sejam retirados de um paciente que perdeu os sinais vitais, mas vive. Porque a Ciência lhe diz que ali não há mais vida humana racional. Sem a Ciência, olhando, por fora, a pessoa ainda parece-se como um ser humano vivo. A Ciência é que diz que não.

 

Cena 6 – epílogo. Sou eu, sentado no computador, e vendo a incessante discussão por legislações que punam o aborto ou o facilitem. Obviamente usando a religião ou falta dela para isso. Me pergunto: esta decisao de abortar, exceto por risco de vida da mãe (quando entram os médicos), não é uma decisão, errada que seja, de foro íntimo daquela mulher em específico?  E é não é esta decisão que vai definir a moralidade do ato como eu disse no início, de que na guerra, matar pode? Em auto-defesa, matar pode. E poderá haver outras razões que legitimem esta escolha, principalmente quando não há clareza absoluta de se é um ser humano que estamos matando...

E o que todo mundo tem com isso? Nada! É um problema dela. E se ela quiser abortar e os meios lhe forem negados, talvez ela faça, como faziam no Brasil, um aborto ilegal em clínica secreta, com grande número de óbitos delas!

Nos Estados Unidos a mesma coisa.

Até que com  a decisão da Suprema Corte em Roe x Wade o problema "acabou".

Esta decisão histórica, tomada em 1973, reconheceu o direito constitucional de uma mulher a um aborto e legalizou o procedimento em todo o país. A decisão foi baseada no direito à privacidade da mulher, protegido pela Décima Quarta Emenda da Constituição dos EUA. Revogada, novamente a confusão!!!

Para mim é uma questão de “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”

A Igreja entende que o aborto em muitos casos é crime, é homicídio. Esta é a nossa visão católica. Mas há ateus no mundo, há pessoas que não acham assim. E privar estas pessoas de um tratamento digno mesmo quando cometem um crime, não resolveria o problema em si, que é a decisão de abortar!


Aí é que a Igreja deveria entrar de forma mais pesada, abordando tema até em publicidade, que poderia ser tocante e humanitária. Se a publicidade serve para eleger um presidente da República por que não usá-la para atrair mais gente a Cristo? Por que não usar mais as redes sociais, como muito bem faz o Bispo Barron e a EWTN. Poderia ter um canal específico para ajudar as mlheres.

Fora das redes sociais criando centros de acolhida.

Nos EUA há muitos “Centros de Crise de Gravidez”.  É importante notar que nem todos os centros de crise da gravidez são criados iguais. Alguns centros podem ter visões religiosas ou morais específicas sobre o aborto e podem mostrar valores que podem ajudar as mulheres a escolherem contra o aborto.

Este é o trabalho da Igreja.

Igual a quando nossa Fé surgiu, quando o mundo não era cristão. Era pagão e era da pesada. Até o povo de Israel não escapou disto, vejam os profetas dos séculos 8, 7 e 6 aC.  

Só que, ao viverem, os cristãos não cometiam estes pecados e aos poucos ajudavam os outros, pagãos, a os evitarem.

Quando Constantino chegou e começou a mistura Religião e Estado, as coisas vão mudar até chegar à Cristandade de Carlos Magno. Um mundo inteiro cristão. Mas que pela corrupção da Igreja ou falta de preparo dos representantes de Cristo, deixou voltar ao paganismo.


Minha opinião: deixem a lei em paz. O Estado que decida o melhor para as mulheres, sem intervenções fudamentalistas de seitas supostamente cristãs, como está acontecendo nos EUA hoje, com os Evangélicos.

O tema impede a eleição de bons políticos, apenas por eles terem uma posição em relação ao aborto diferente da nossa.

Claro que a um parlamentar cristão caberia por votar com sua consciência e seguindo a orientação da Igreja. E nada desta parafernália estaria acontecendo, que acirra o ânimo de milhões contra a Igreja e impede um diálogo construtivo. Aliás deveria caber apenas às mulheres que estão com este problema uma opinião pública. Quantas seriam?


Deus nos abençoe. Rezemos para que menos mulheres engravidem por brincadeiras sexuais e pelas que as proteções que tomaram, falharam, o que acaba levando a terem de tomar estas decisões sérias, de vida ou morte de um ser.




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