Santo Orígenes?
Sim, Santo Orígenes.
Ao menos é como eu o vejo e creio que nossa Igreja tem a obrigação de rever sua vida, avaliar a quantidade e qualidade de pensamentos que trouxe para a Igreja que a influenciou e até hoje vigora com algumas de suas ideias. Se precisar de algum milagre para isso, como já estamos muito longe do ano 250 e ningUém deve estar implorando a intercessão dele, peço eu. Que me faça algum milagre para que possamos dar um passo à declaração formal da santidade deste homem, dedicadíssimo à Igreja.
Já tinha lido Orígenes, mas quem me despertou sobre sua eficácia e obra foi o teólogo Hans Urs von Balthasar, importantíssimo para a Igreja, mas já falecido. Por ele Orígenes deveria ser declarado santo. E por ele Orígenes é um dos três maiores teólogos da época!
Desde o nascimento Orígenes se ligou à nossa Fé. Seu pai, Leônidas de Alexandria, foi martirizado durante a perseguição do imperador romano Septimius Severus em 202. Leônidas era um professor e teólogo cristão que incutiu em Orígenes um profundo amor pelas Escrituras e pela fé.
Também teve muito contato com São Clemente, de onde aprendeu sobre as Escrituras e Sagrada Tradição.
Conta a tradição que a mãe de Orígenes teve de salvá-lo de ser martirizado porque escondeu suas roupas para que não fosse preso. Orígenes queria o martírio.
Deus teve outros caminhos e este monumental homem trouxe tanta coisa de útil que era mencionado nos rodapés de santos que seguiram depois: Santo Agostinho, Santo Ambrósio, Venerável Beda, São Jerônimo… Seu impacto foi enorme!
Na minha humilde opinião, a famosa frase de Santo Agostinho de que "Fizeste-nos para ti, Senhor, e nosso coração está inquieto até que descanse em ti." (Confissões, I, 1), veio quase que diretamente de um dos pensamento de Orígenes.
Foi ele quem tomou formalmente a posição de que as Escrituras não devem lidas literalmente e sim buscando o sentido que Deus nos quer transmitir. Alegoria.
Para isso ele quis ter o texto bíblico com a maior precisão possível (um presente para nós, depois), Montou então um arcabouço que o permitisse ver estes textos vindos de diferentes traduções dos Livros Sagrados. Foi a hexapla, que consistia de 6 colunas, cada uma com o texto bíblico de uma das versões. Havia duas em hebraico e quatro com diferentes versões do grego.
Assim ele pôde começar a ensinar sobre a interpretação da Bíblia, que os 6 dias do Gênesis não eram dias físicos e assim por diante. Aliás a maioria dos Padres Apostólicos já assim pensavam. A partir daí, fazia extensos comentários sobre cada trecho. Mesmo sobre os trechos difíceis. É a alegoria bíblica.
Também determinou os quatro tipos de livros da Escritura. Livros legais, históricos, sapienciais e proféticos.
Mas o que acontece com estes personagens que são muito inteligentes, produtivos e conhecidos é que trazem algum atrito, inclusive com seus Bispos. Não foi a mesma coisa que aconteceu com Fulton Scheen e o bispo de Nova Iorque? Ou com o Padre Rossi e seu bispo dom Odilo Scherer?
Atritos de origem teológica. Mas ele sempre demonstrou estar no seio da Igreja, por exemplo, quando ele declarou que aceitava os quatro Evangelhos porque eles vieram pela Tradição. Claro que quando se propôs a explicar a Trindade acabou incorrendo em pequenos erros… Sua visão de mundo também refletia um pouco da filosofia platônica de sua época. Mas embora errada, era muito bonita… O mundo, a matéria, sempre teria existido, Deus sempre a estava criando. E nessa história Deus criou os anjos. Os maus anjos viraram seres humanos. Os péssimos, diabos. Mas depois Deus quer atrair tudo a Si, dando perdão a estes seres, de modo que todos, no fim fôssemos bons e mergulhássemos no seio de Deus.
Às vezes se complicou em certas explicações teológicas (como Tertuliano) e até foi excomungado duas vezes, mas voltou à Fé.
Seja como for, acabou preso por causa da Igreja, continuou escrevendo de dentro da prisão e ali morreu por maus tratos.
Santo e produtivo homem, Que apareçam mais teólogos no Vaticano para recuperar a ortodoxia do nosso Orígenes, cujos valores vivem até hoje.
Até a Inteligência Artificial está a favor de sua canonização, e dá várias razões (Gemini):
Argumentos a favor da santificação de Orígenes:
1. Vida virtuosa e ascética:
Orígenes dedicou sua vida ao estudo e à teologia, vivendo em extrema simplicidade e pobreza.
Era conhecido por sua ascese rigorosa, jejum frequente e vida de oração constante.
Pregava a castidade e o celibato, sendo ele mesmo celibatário.
2. Influência teológica e impacto na Igreja:
Orígenes foi um teólogo prolífico, autor de diversas obras influentes que moldaram a teologia cristã primitiva.
Seus ensinamentos sobre a Trindade, a natureza de Cristo e a escatologia foram aclamados por muitos.
Fundou a Escola Catequética de Alexandria, que se tornou um centro de estudo teológico de grande importância.
Teve numerosos discípulos que se tornaram bispos, teólogos e escritores renomados, propagando suas ideias por todo o Império Romano.
3. Martírio e sofrimento pela fé:
Orígenes foi perseguido por sua fé durante a perseguição de Decio, tendo que fugir de Alexandria para escapar da captura.
Apesar das dificuldades, nunca renunciou à sua fé e continuou a pregar o Evangelho.
Sofreu diversos tormentos e privações, inclusive a tortura, por causa de sua fé cristã.
4. Veneração popular e reconhecimento histórico:
Orígenes foi venerado como santo por muitos cristãos durante séculos após sua morte.
Seus escritos continuaram a ser lidos e estudados por teólogos durante a Idade Média.
É considerado um dos Padres da Igreja mais importantes e influentes da história do Cristianismo.
5. Influência duradoura na teologia e espiritualidade:
As ideias de Orígenes sobre a Bíblia, a natureza de Deus e a vida cristã continuam a influenciar teólogos e estudiosos da Bíblia até hoje.
Seus escritos são uma rica fonte de inspiração para aqueles que buscam uma vida de fé mais profunda.
A espiritualidade ascética que ele defendia continua a ser praticada por muitos cristãos em todo o mundo.
Apesar das controvérsias em torno de algumas de suas ideias, os defensores da santificação de Orígenes argumentam que sua vida virtuosa, sua influência teológica duradoura, seu sofrimento pela fé e sua veneração popular o tornam um candidato digno de canonização.
É importante ressaltar que a canonização é um processo complexo e rigoroso da Igreja Católica, que envolve uma análise cuidadosa da vida, escritos e ensinamentos do candidato. A decisão final sobre a santificação de Orígenes cabe à Santa Sé, após um estudo aprofundado de sua vida e obra.